Variedade

Melancia está de volta e com novidades

Propriedade da família Marini, em Pedro Osório, produz as primeiras unidades da melancia amarela no Brasil

Melancias. Dá alegria só de vê-las na prateleira do mercado. Grandes, verdes e, agora, com diferentes cores na parte interna: a partir de projeto da Nunhems, marca de sementes de frutas e hortaliças da Basf, que selecionou a Fazenda Marini, em Pedro Osório, como um dos primeiros locais para produzir a variedade amarela da fruta. É mais um capítulo de uma produção que só no ano passado movimentou mais de R$ 19 milhões na região.

A nova variedade começou a ser produzida dentro da propriedade da família Marini, este ano, através de parceria com a Basf, que trabalha com dois tipos de melancia: a Pingo Doce e a Amarelinha. Produtores do país inteiro foram selecionados para testar tecnologia oriunda da Espanha. E que chega ao Brasil já chamando a atenção do consumidor. "O pessoal tem procurado bastante por ser novidade. Querem conhecer", comenta Livia Bennemann, responsável por abastecer os diferentes mercados da região.

A pingo doce é caracterizada por possuir menos sementes e elas serem comestíveis e ter a casca de um verde escuro que a pinta por completa. Já a amarelinha é a grande novidade: além das sementes semelhantes às da pingo doce, possui o interior amarelo, diferente do tradicional vermelho, por conta de teores de betacaroteno e licopeno. Melancias amarelas, importante dizer, são uma espécie com origem na África há mais de cinco mil anos.

A ideia da Basf é levar a tecnologia para Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia, Goiás e Tocantins em 2021. Como a plantação da melancia tem início no Rio Grande do Sul, Stefano Marini destaca que as unidades produzidas aqui na Zona Sul são as primeiras saboreadas no Brasil.

Em relação à fruta tradicional, a amarelinha tem um cuidado bastante particular: ela tem como companheiras as abelhas. O processo de polinização é importante porque as flores da melancia se abrem apenas uma vez ao dia. Os insetos então precisam estar presentes todos os dias para obter o mais alto nível de frutificação. A partir da multinacional, a variedade traz também a rastreabilidade como um diferencial para o consumidor. Através dela, a população tem a garantia de estar adquirindo um produto seguro e sustentável.

Na propriedade, a produção da nova variedade e da tradicional, neste ano, é praticamente o mesmo volume. E, segundo Marini, são 15 carregamentos diários com 15 toneladas de melancia com destino para a região, o país e o mundo todo. "Compramos a ideia do projeto porque chega diferenciado ao consumidor. Chama a atenção. E estamos bastante surpresos com a receptividade no mercado. Está saindo muito bem", comenta o produtor, tratando com carinho a fruta que é protagonista da vida dele há tanto tempo. "Amo as minhas melancias", diz, sorrindo.

Economia que gira

Em cada safra, a melancia representa dinheiro circulando na região. No ano passado, foram 32.700 toneladas, produção impulsionada por municípios como Pedro Osório, Arroio Grande e Amaral Ferrador. Com o valor médio de comercialização em R$ 0,60, a Emater/RS estima que se chegou a um valor de R$ 19 milhões oriundos da fruta. "Como boa parte da melancia é comercializada para fora da região, significa que teremos ingresso de dinheiro de fora da Zona Sul, ingressando recursos consideráveis para a economia das localidades, municípios e região", enfatiza o engenheiro agrônomo do órgão, Evair Ehler.

A explicação para o potencial da melancia na região vem do clima. "A doçura da fruta está relacionada às condições de clima e solo, ressaltando-se a alta radiação solar incidente nos meses de verão considerando nossa latitude, principal fator do clima que proporciona a doçura (medido em graus BRIX) das frutas. A coloração da polpa está relacionada ao material genético e a intensidade da cor em relação a diferença entre a temperatura média durante o dia e a temperatura média noturna, onde quanto maior a diferença, maior a intensidade da cor", observa Ehler.

A partir dessa característica natural, a melancia se torna importante alternativa de cultivo desde o litoral até a colônia, passando até pela região da pecuária, onde serve como forma de limpar os campos nativos e ainda ter renda com uma atividade. "É um cultivo anual, comercialização garantida, tanto no mercado local, como regional e nacional. Consegue em áreas menores proporcionar renda", acrescenta Ehler.

Com esse pensamento, o produtor Eldio Tonini colhe agora a primeira safra da melancia em sua propriedade, na Colônia Ramos, em que também planta couve, brócolis, tomate, melão, milho doce, salsa, cebolinha e morango. E o resultado tem sido acima do esperado: 30 toneladas da fruta em meio hectare. "Estamos até surpresos", comenta.

Segundo Evair Ehler, o preço de comercialização pago ao produtor está dentro da normalidade em 2021: variações entre R$ 0,40 e R$ 0,80 o quilo. Ele ressalta, porém, que há defasagem nesses valores. "Houve elevação generalizada dos custos dos principais insumos de produção como adubos, produtos fitossanitários, sementes, combustíveis, todos estes atrelados a cotação do dólar, mais ainda os custos da mão de obra e fretes", argumenta. Eldio é um caso e mostra que a situação vai além da fruta. "Está muito difícil plantar qualquer coisa. As sementes estão com o dobro do preço, os insumos gerais também aumentaram", salienta.

Em Rio Grande, o engenheiro agrônomo da Emater/RS, Rogério da Silveira, comenta que a expectativa é que a safra 2020/2021 seja ainda melhor que a do período anterior, por conta do clima ter favorecido. De acordo com ele, para o produtor também se desenha resultados positivos, com preços mais favoráveis. "A produção e comercialização da melancia envolve além das famílias produtoras, os feirantes, os ambulantes e os supermercados da cidade e do Cassino. Contribui bastante para renda e no bem estar dessas pessoas", pontua.

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